Válvula de escape, terapia ou apenas hobby. Independente da função, as atividades que fazemos fora do período de trabalho podem revelar gratas surpresas. É o que se viu na mostra “Vida Além da Fiscalização”, realizada nesta quinta-feira (21), pelo Sindicato dos Fiscais de Tributos Estaduais de Mato Grosso (SINDIFISCO-MT), em comemoração aos 26 anos da entidade. Além dos Fiscais de Tributos Estaduais (FTEs), expuseram trabalhos artistas plásticos bem conhecidos no estado, como Nilson Pimenta e Francisco Charneca, e músicos como a cantora Vera Capilé e o violeiro André Balbino.
Como em 2015, quando ocorreu a primeira edição do projeto, o auditório ganhou o colorido de pinturas e desenhos nos mais variados estilos, do abstrato ao figurativo, e de porcelanas e vidros decorados e pintados à mão. A mostra também promoveu uma viagem pela trajetória do Sindicato, com fotos e jornais de vários períodos e fac-simile da ata de fundação, assim como expôs publicações sobre as histórias do fisco nacional e estadual.
É uma maneira não só de revelar talentos, mas oferecer aos FTEs uma oportunidade de aliviar o estresse que tanto a atividade laboral quanto a sindical provocam, frisou o presidente do SINDIFISCO, Ricardo Bertolini. “Diminui um pouco essa carga emocional que recebemos no dia a dia. Fomos muito felizes, estão todos de parabéns, principalmente o professor Guilhermo [Oliveira], que não mediu esforços. É uma pessoa de grande importância para a realização deste evento e queremos deixar aqui o nosso agradecimento pela dedicação ao nosso sindicato”, registrou.
Entre os FTEs a satisfação era evidente. Rafael de Lara Mosqueiro contou que os desenhos sempre foram um hobby que ficava meio escondido, revelado apenas para parentes e amigos. O “Vida Além da Fiscalização” acabou incentivando-o a submetê-los à apreciação de outras pessoas. Depois de ser chamado para expor no SINDIFISCO o desenvolvimento tem sido cada vez maior. “De lá para cá só foi melhorando. Cada vez estou mais exposto e, graças a Deus, as pessoas têm gostado. Isso que é o termômetro para a gente continuar”.
FTE há 26 anos, Mariza Fiorenza expôs suas porcelanas pintadas à mão revelando uma arte que alimenta há mais de duas décadas. “Sempre fui muito dedicada ao trabalho e acho que até mesmo por conta disso eu acabo precisando de uma válvula de escape. E eu encontrei isso através da arte”, contou. Para ela, o projeto do SINDIFISCO veio para potencializar essa satisfação. “Aqui está muito interessante porque você encontra colegas que veem e gostam das peças. Você partilha emoções. Acho que é por ai. Você passa emoção através do seu trabalho e recebe o feedback dessas emoções. Isso pra mim é muito importante”, elogiou.
Para os artistas plásticos, digamos, profissionais, foi um momento ímpar. O premiado pintor naïf Nilson Pimenta não escondeu a alegria de expor, ainda por cima ao lado do filho Valques Rodrigues. “Quando me convidaram fiquei muito contente. Estamos cansados de só expor em galerias e museus, só espaços de arte. Acho que a arte tem que ir em todos os lugares. O artista precisa disso. Já fiz exposição até em cemitério, mas sindicato eu nunca tinha feito”, revelou. “Agradecemos bastante terem lembrado do nosso nome, por essa oportunidade. Expor com meu pai é muito bom e o pessoal está gostando”, comemorou Valques.
Os elogios partiram também dos visitantes. Para o FTE Ednilton Veras, é um fomento à cultura. “Muitos de nós trabalhamos bastante e não temos a oportunidade de relaxar. É uma maneira que as pessoas acharam de poder desenvolver outra atividade. Serve para incentivar pessoas como eu, de repente, a desenvolver uma atividade cultural”, analisou, revelando que ainda não tem um hobby artístico, mas não faz feio na pescaria. Já a esposa, Taynã Acco, se impressionou com as telas regionalistas, que causaram uma forte impressão. “Elas, além de trazer as características do nosso bioma, também expõem um raio-x da nossa cultura e das pessoas. Isso você só vai ver em Mato Grosso. O Pantanal só a gente tem. Isso é a joia que nós temos”, salientou.