Começou há pouco a reunião da CPI do Carf convocada para ouvir os depoimentos de duas pessoas acusadas de envolvimento em irregularidades no Conselho Administrativo o de Recursos Fiscais (Carf), órgão do Ministério da Fazenda encarregado de julgar recursos de empresas autuadas pela Receita Federal.
Jorge Victor Rodrigues, ex-conselheiro do Carf, e Lutero Fernandes do Nascimento, assessor do ex-presidente do órgão Otacílio Dantas Cartaxo, foram indiciados pela Polícia Federal por suspeita de recebimento de vantagens em troca de benefícios ao banco Santander, que devia quase R$ 1 bilhão à Receita, e ao banco Safra, que questionava no Carf dívida de R$ 793 milhões.
Os dois depoentes comparecem perante a CPI munidos de habeas corpus que dão a eles o direito de permanecer calados. Ao serem questionados pelo presidente da CPI, deputado Pedro Fernandes (PTB-MA), Rodrigues e Nascimento disseram que vão atender o conselho de seus advogados e não vão responder as perguntas.
Em depoimento à Polícia Federal, Jorge Victor Rodrigues admitiu ter negociado pagamento de R$ 500 mil em propinas em troca de benefícios ao banco Santander e disse que parte desse valor seria repartido com integrantes da Receita Federal.
Interceptações telefônicas feitas pela PF mostram ainda conversas entre Rodrigues e Jefferson Ribeiro Salazar, advogado e ex-auditor da Receita, em que tratam de pagamento de R$ 20 milhões relacionados a processos dos bancos Bozano e Safra.
Lutero, por sua vez, foi indiciado pela Polícia Federal, suspeito de ter atuado a favor do banco Safra.
Um terceiro depoente, João Inácio Puga, alegou problemas de saúde e não compareceu à audiência. Puga é membro do Conselho de Administração do Banco Safra, acusado de oferecer suborno a Rodrigues.