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Defensoria e Ministério Público divergem sobre acordos para confissão de culpa

Publicado em 24/10/2019 às 12:10

Defensoria e Ministério Público divergem sobre acordos para confissão de culpa
Defensores públicos e promotores de justiça discordaram nesta quinta-feira (24) sobre a possibilidade de o investigado por conduta criminosa admitir a culpa em troca de penas mais brandas. Esse tipo de acordo negociado entre o Ministério Público, o investigado e o juiz (plea bargain) é utilizado em alguns países como Estados Unidos e Alemanha.
 

A defensora pública federal Ana Luísa de Moraes concorda em parte com a aplicação desses acordos no Brasil. Para ela, o principal entrave é o déficit estrutural da defensoria, que comprometeria o equilíbrio entre acusação e defesa.
 

“Não se nega o plea bargain. No entanto, para se fazer tem que ter paridade de armas, contraditório, ampla defesa e se deve ter acesso antecipado às provas produzidas pela acusação”, disse a defensora em debate promovido pela comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa mudanças no Código de Processo Penal (Projeto de Lei 8045/10). Ela também criticou a possibilidade de aplicação imediata da pena após os acordos.
 

O Presidente da Associação Nacional de Defensoras e Defensores Públicos (Anadep), Pedro Coelho, reforçou o argumento de desequilíbrio entre as partes. Segundo ele, a estrutura da defesa é formada por 6.800 defensores públicos estaduais e outros 700 da União. Em comparação, só os promotores de justiça estaduais somam 11 mil.
 

“É muito difícil a defesa fazer uma construção justa se o debate não é feito oralmente, se é feito no papel”, disse Coelho, argumentando que o excesso de processos no Judiciário e a falta de defensores compromete o princípio da oralidade, que recomenda a prevalência da palavra falada sobre a escrita nos processos.
 

Centralização no MP

Em relação aos acordos, Coelho sustentou que eles revertem a lógica do sistema acusatório já estabelecido: juiz é o garantidor do devido processo legal, o Ministério Público (MP) acusa e defesa defende.
 

Ele avalia que acordos nos moldes do plea bargain pecam por centralizarem o processo no MP. “Isso retorna com a lógica da confissão como rainha das provas. Esse sistema é um sistema medieval.  Cabeças eram cortadas com base em ‘confissões’”, criticou.
 

A diretora do Instituto de Garantias Penais (IGP), Flávia Guth, defendeu o instituto do acordo, desde que sejam definidos regras e limites para a atuação do Ministério Público. “Senão, o que pode vir a acontecer é uma denúncia repleta de fatos de imputações que, na verdade não têm correspondência na realidade, e apenas visam a forçar o acusado a fechar esse acordo”, advertiu.
 

Oportunidade

O promotor de Justiça do Rio Grande do Sul Leonardo de Souza rebateu a tese de que os acordos coordenados pelo MP trariam ameaças a garantias fundamentais e à presunção de inocência do investigado. “A aplicação imediata é uma janela de oportunidade que surge após o oferecimento da denúncia e antes da instrução probatória."
 

Segundo Souza, o acordo é uma tentativa de abreviar o processo quando houver interesse do Ministério Público e for favorável ao réu, "já que ele não vai negociar pena que seja ruim para ele”.
 

Imobilismo do Judiciário

O promotor de Justiça do Distrito Federal Antônio Suxberger também defendeu os acordos. Segundo ele, essa seria uma forma de reverter o imobilismo do Poder Judiciário. “Temos no País 40% de presos provisórios, que é quem não tem sentença. Estão presos e ainda não tem juízo de culpa”, disse ele, ressaltando que o número poderia ser maior se todos os mandados de prisão em aberto fossem cumpridos.
 

Suxberger disse ainda que falta transparência e confiabilidade ao Poder Judiciário, que, segundo ele, erra ao apostar no desempenho sem se preocupar com os resultados. “Não adiantaria simplesmente lutarmos para ter um número de defensores igual do de promotores”, disse.
 

Parecer até o fim do ano

O deputado João Campos (Republicanos-GO), relator da comissão especial do Código de Processo Penal, destacou a importância do debate para subsidiar o relatório que pretende apresentar até o fim do ano.
 

Segundo ele, o objetivo é aprovar o texto na comissão ainda neste ano para que seja analisado pelo Plenário no primeiro semestre de 2020.
 

“Um novo código não é a solução para todos os problemas do País, mas pode representar um avanço significativo para o enfrentamento da impunidade no Brasil”, disse.

Fonte: Agência Câmara Notícias

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